quarta-feira, 5 de março de 2014

Alteridade e educação

Conceito de aprendência:
Encontrar-se com outrem é estar sempre de partida. E uma das tarefas da educação é desencadear uma sensibilidade aberta a esse êxodo. É possibilidade educativa se fazendo constantemente caminho, ou, para usar um neologismo de Assmann, em permanente estado de ‘aprendência’.* E a partir da condição ética, aprender é significar a existência humana na interlocução com as diferentes epifanias da vida. O êxodo, enquanto movimento do eu para o outro, abre-se enquanto interpelação vinda do próprio rosto do outro. O caminho que me conduz ao outro implica na ressignificação da minha liberdade. Na medida em que me abro ao outro, há o desabrochar da minha própria humanidade. O êxodo do eu para-o-outro anuncia a esperança que abre para o infinito, fissurando a ordem da totalidade.
DALLA ROSA, 2012, p. 183.



* Enquanto processo e experiência de aprendizagem, o termo ‘aprendência’ “pretende frisar o caráter de processo e personalização que está semanticamente embutido na termilogia disponível em outros idiomas, por exemplo, no it. apprendimento; no ingl. learning, learning processes; no al. Lernen. Em port. temos aprendizado (foneticamente duro) [...]. Locuções com várias palavras são sempre possíveis, mas por vezes dão a impressão de circunlóquios pouco expressivos. Na língua francesa há quem se empenhe pelo mesmo tipo de neologismo: o termo ‘aprendizagem’ (‘apprentissage’) deve ceder o lugar ao termo ‘aprendência’ (‘apprenance’), que traduz melhor, pela sua própria forma, este estado de estar-em-processo-de-aprender, esta função do ato de aprender que constrói, e seu estatuto de ato existencial que caracteriza efetivamente o ato de aprender, indissociável da dinâmica do vivo.” ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 128.

Nenhum comentário:

Postar um comentário