Alteridade e educação
Conceito de aprendência:
Encontrar-se com outrem é estar sempre de
partida. E uma das tarefas da educação é desencadear uma sensibilidade aberta a
esse êxodo. É possibilidade educativa se fazendo constantemente caminho, ou,
para usar um neologismo de Assmann, em permanente estado de ‘aprendência’.* E a partir da condição ética, aprender é significar a
existência humana na interlocução com as diferentes epifanias da vida. O êxodo,
enquanto movimento do eu para o outro, abre-se enquanto interpelação vinda do
próprio rosto do outro. O caminho que me conduz ao outro implica na
ressignificação da minha liberdade. Na medida em que me abro ao outro, há o
desabrochar da minha própria humanidade. O êxodo do eu para-o-outro anuncia a esperança que abre para o infinito, fissurando
a ordem da totalidade.
DALLA ROSA, 2012, p. 183.
* Enquanto
processo e experiência de aprendizagem, o termo
‘aprendência’ “pretende frisar o caráter de processo e personalização que está
semanticamente embutido na termilogia disponível em outros idiomas, por
exemplo, no it. apprendimento; no
ingl. learning, learning processes; no al. Lernen.
Em port. temos aprendizado
(foneticamente duro) [...]. Locuções com várias palavras são sempre possíveis,
mas por vezes dão a impressão de circunlóquios pouco expressivos. Na língua
francesa há quem se empenhe pelo mesmo tipo de neologismo: o termo ‘aprendizagem’ (‘apprentissage’) deve ceder o lugar ao
termo ‘aprendência’ (‘apprenance’), que traduz melhor, pela sua própria forma,
este estado de estar-em-processo-de-aprender, esta função do ato de aprender
que constrói, e seu estatuto de ato existencial que caracteriza efetivamente o
ato de aprender, indissociável da dinâmica do vivo.” ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 128.
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