Baratas, obra de Scholastique Mukasonga, escritora de origem ruandesa, descreve o drama que a própria autora viveu com seu povo durante a guerra civil que assolou Ruanda nos anos de 1990.
O termo "baratas" (inyenzi) designava pejorativamente os tutsis. Ou seja, a pertença a esse grupo étnico significava receber toda sorte de humilhação, perseguição e assassinato. Aliás, o genocídio desse povo é tema do filme Hotel Ruanda (2004).
Baratas é uma obra autobiográfica, a partir da qual Mukasonga (uma sobrevivente) expõe profundas camadas do que significou e ainda significa o horror pessoal e coletivo do massacre ruandês.
Um aspecto que autora destaca é o papel da educação, quando esta não é libertadora: "...eram bons alunos e logo assimilaram a única lição que lhes foi dada: humilhar e aterrorizar uma população sem defesa" (p. 76).
Por fim, importante destacar que não obstante aos que lhe quiseram apagar as memórias, inclusive negando-lhe a possibilidade de encontrar e enterrar o corpo de sua mãe, Mukasonga declara: "os assassinos quiseram apagar até suas lembranças, mas no caderno escolar que nunca me deixa, registro seus nomes, e não tenho pelos meus e por todos aqueles que pereceram em Nyamata, nada além deste túmulo de papel" (p. 182).
MUKASONGA, Scholastique. Baratas. São Paulo: Nós, 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário